Deus é fiel e justo para com aqueles que o buscam!
Problemas em tratar a Escatologia
1. Distância Pessoal:
Um dos primeiros problemas a serem evitados no estudo de Escatologia, é de manter o assunto muito distante do indivíduo.
Pode-se muito facilmente falar da segunda vinda de Cristo usando expressões no sentido de que Jesus Cristo pode voltar amanhã, porém não se ouve a necessidade de estar preparado.
Em geral pensa-se: “Pode ser que Jesus venha amanhã, mas não é muito provável. Não é preciso dar muita importância ao assunto. ” Neste contexto, o estudo da escatologia vem a ser um estudo bem confortável, pois trata-se de algo polêmico, intrigante, ambíguo e muito distante.
Por outro lado, a Bíblia parece sempre abrir o assunto assinalando a necessidade de cada um estar preparado. É necessário lembrar que estas “últimas coisas” incluem aspectos que são refletidos no cotidiano.
2. Princípios de Interpretação:
Outro problema a ser considerado ao estudar assuntos de escatologia (como também qualquer outro tema bíblico) concerne à necessidade de respeitar os princípios de interpretação bíblica.
Além de sempre ler os versículos e as passagens dentro de seus respectivos contextos, é necessário lembrar que as passagens de ensino claro sempre tomam precedência no tratamento de um tema. Por exemplo, 1ª João é muito mais claro ao tratar do anticristo do que o livro de Apocalipse.
Outro ponto a observar é o tipo de literatura que se está estudando ao tratar um texto. O estilo literário do Apocalipse não é igual a 1ª João e o tratamento dos livros deve respeitar essa diferença.
3. Leitura Contextual:
Mais um problema a negociar é a necessidade de ler as passagens bíblicas em relação aos seus propósitos, não em sentido de responder curiosidades pessoais.
A Bíblia foi escrita para tratar da necessidade do homem perante Deus, não para ensinar ciência, história, nem futurismo.
No final de um estudo, nem todas as perguntas, dúvidas e questionamentos serão respondidos, pois a Bíblia não segue o propósito de responder às curiosidades humanas.
Jesus mesmo disse, “Não vos compete saber os sinais e os tempos” (Atos 1.7).
E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. (Atos 1:7)
Deus exige do homem uma dependência e confiança sem se propor necessariamente a aplacar todas as dúvidas e preocupações humanas.
4. História:
Outro problema a ser evitado está relacionado à história. O teólogo Berstén e outros fazem distinção entre profecias que se cumpriram e outras que ainda não se cumpriram.
O problema que deve ser tratado nesse contexto é o de compreender o que já sucedeu na história para então poder fazer uma melhor declaração entre aquilo que tem e não tem acontecido.
Salienta-se aqui a passagem de Mateus 24.1-28 e o contexto da destruição de Jerusalém no ano 70 depois de Cristo.
5. Cosmologia:
É necessário compreender como o povo, especialmente os autores bíblicos entendiam o mundo em que viviam.
Sua cosmologia implicava na sua terminologia aplicada a conceitos espaciais e geográficos, como também a certas referências escatológicas.
Não é lícito forçar o texto bíblico a refletir um conceito cosmológico do século vinte, quando os autores não compartilhavam esse conceito.
6. Vocabulário Especializado:
Por outro lado, é indispensável que se trate o vocabulário bíblico conforme o uso dos próprios autores.
Certas palavras ou frases eram usadas diferenciadamente da forma atual. O judeu dividia o tempo em duas partes: antes do Messias e depois do Messias.
Por “últimos tempos” ou “tempos pósteros”, a Bíblia designa a segunda etapa do tempo. Os últimos tempos, então, começaram com Jesus e referenciam o tempo desde aquela época até o final do tempo.
7. Supremacia Bíblica:
É sumamente necessário que respeitemos que a palavra final referente a qualquer assunto teológico é a palavra bíblica.
Não é lícito dar mais confiança a sonhos, palavras de profecia e visões do que ao próprio texto bíblico.
Toda outra fonte deve ser submetida às indicações e às limitações apresentados no tratamento bíblico dos assuntos correspondentes.
A Bíblia é a Palavra de Deus e Deus não se contradiz, ainda que a Bíblia exibe um desenvolvimento teológico no processo revelacional. Quando houver conflito entre a mensagem bíblica e a palavra ou evento profético, a dúvida recairá sobre a fonte extra bíblica.
8. Respeitar Limitações:
Também é necessário lembrar que existem limitações ao que pode ser conhecido em certas áreas. Atos 1.7, indica que não compete ao ser humano saber e entender a maioria das questões referentes a eventos futuros.
Precisa-se aceitar que Deus simplesmente não revela detalhes a respeito de toda curiosidade humana.
É necessário ler o texto bíblico reconhecendo o propósito do próprio texto, não jogando por cima do texto um propósito pessoal especulativo sobre o fim do mundo.
O que realmente importa saber está exposto de forma clara: “Vigiai, pois não sabeis em que dia vem o vosso Senhor!”.
Em consideração às limitações do intérprete bíblico referente a formas divergentes de compreender o mundo (ou seja, divergências entre as formas da antiguidade e as atuais), apresenta-se certas reflexões sobre a forma na qual os autores bíblicos refletiram sobre o mundo.
Os textos bíblicos apresentam muito ensino com o uso de expressões que referenciam ou retratam os conceitos cosmológicos do povo e de seus vizinhos. Espera-se que este tratamento possa ajudar a compreender melhor as implicações dos termos usados na Bíblia.
Autor: Pastor José Mathias Acácio
Formado em Bacharel em Teologia
Pr. Valdi G. Souza