03 Problemas em tratar a escatologia - Joep - Jesus o Equilíbrio Perfeito

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Problemas em tratar a Escatologia

1.   Distância Pessoal:
 
Um dos primeiros problemas a serem evitados no estudo de Escatologia, é de manter o assunto muito distante do indivíduo.
 
Pode-se muito facilmente falar da segunda vinda de Cristo usando expressões no sentido de que Jesus Cristo pode voltar amanhã, porém não se ouve a necessidade de estar preparado.
 
Em geral pensa-se: “Pode ser que Jesus venha amanhã, mas não é muito provável. Não é preciso dar muita importância ao assunto. ” Neste contexto, o estudo da escatologia vem a ser um estudo bem confortável, pois trata-se de algo polêmico, intrigante, ambíguo e muito distante.
 
Por outro lado, a Bíblia parece sempre abrir o assunto assinalando a necessidade de cada um estar preparado. É necessário lembrar que estas “últimas coisas” incluem aspectos que são refletidos no cotidiano.
 
2.  Princípios de Interpretação:
 
Outro problema a ser considerado ao estudar assuntos de escatologia (como também qualquer outro tema bíblico) concerne à necessidade de respeitar os princípios de interpretação bíblica.
 
Além de sempre ler os versículos e as passagens dentro de seus respectivos contextos, é necessário lembrar que as passagens de ensino claro sempre tomam precedência no tratamento de um tema. Por exemplo, 1ª João é muito mais claro ao tratar do anticristo do que o livro de Apocalipse.
 
Outro ponto a observar é o tipo de literatura que se está estudando ao tratar um texto. O estilo literário do Apocalipse não é igual a 1ª João e o tratamento dos livros deve respeitar essa diferença.
 
3.  Leitura Contextual:
Mais um problema a negociar é a necessidade de ler as passagens bíblicas em relação aos seus propósitos, não em sentido de responder curiosidades pessoais.
 
A Bíblia foi escrita para tratar da necessidade do homem perante Deus, não para ensinar ciência, história, nem futurismo.
 
No final de um estudo, nem todas as perguntas, dúvidas e questionamentos serão respondidos, pois a Bíblia não segue o propósito de responder às curiosidades humanas.  
 
Jesus mesmo disse, “Não vos compete saber os sinais e os tempos” (Atos 1.7).
 
E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. (Atos 1:7)
 
Deus exige do homem uma dependência e confiança sem se propor necessariamente a aplacar todas as dúvidas e preocupações humanas.
 
4.  História:
 
Outro problema a ser evitado está relacionado à história. O teólogo Berstén e outros fazem distinção entre profecias que se cumpriram e outras que ainda não se cumpriram.
 
O problema que deve ser tratado nesse contexto é o de compreender o que já sucedeu na história para então poder fazer uma melhor declaração entre aquilo que tem e não tem acontecido.
 
Salienta-se aqui a passagem de Mateus 24.1-28 e o contexto da destruição de Jerusalém no ano 70 depois de Cristo.
 
5.  Cosmologia:
 
É necessário compreender como o povo, especialmente os autores bíblicos entendiam o mundo em que viviam.
 
Sua cosmologia implicava na sua terminologia aplicada a conceitos espaciais e geográficos, como também a certas referências escatológicas.
 
Não é lícito forçar o texto bíblico a refletir um conceito cosmológico do século vinte, quando os autores não compartilhavam esse conceito.
 
6.  Vocabulário Especializado:
 
Por outro lado, é indispensável que se trate o vocabulário bíblico conforme o uso dos próprios autores.
 
Certas palavras ou frases eram usadas diferenciadamente da forma atual. O judeu dividia o tempo em duas partes: antes do Messias e depois do Messias.
 
Por “últimos tempos” ou “tempos pósteros”, a Bíblia designa a segunda etapa do tempo. Os últimos tempos, então, começaram com Jesus e referenciam o tempo desde aquela época até o final do tempo.
  
7.   Supremacia Bíblica:
 
É sumamente necessário que respeitemos que a palavra final referente a qualquer assunto teológico é a palavra bíblica.
 
Não é lícito dar mais confiança a sonhos, palavras de profecia e visões do que ao próprio texto bíblico.
 
Toda outra fonte deve ser submetida às indicações e às limitações apresentados no tratamento bíblico dos assuntos correspondentes.
 
A Bíblia é a Palavra de Deus e Deus não se contradiz, ainda que a Bíblia exibe um desenvolvimento teológico no processo revelacional. Quando houver conflito entre a mensagem bíblica e a palavra ou evento profético, a dúvida recairá sobre a fonte extra bíblica.
 
8.  Respeitar Limitações:
 
Também é necessário lembrar que existem limitações ao que pode ser conhecido em certas áreas. Atos 1.7, indica que não compete ao ser humano saber e entender a maioria das questões referentes a eventos futuros.
 
Precisa-se aceitar que Deus simplesmente não revela detalhes a respeito de toda curiosidade humana.
 
É necessário ler o texto bíblico reconhecendo o propósito do próprio texto, não jogando por cima do texto um propósito pessoal especulativo sobre o fim do mundo.
 
O que realmente importa saber está exposto de forma clara: “Vigiai, pois não sabeis em que dia vem o vosso Senhor!”.
 
Em consideração às limitações do intérprete bíblico referente a formas divergentes de compreender o mundo (ou seja, divergências entre as formas da antiguidade e as atuais), apresenta-se certas reflexões sobre a forma na qual os autores bíblicos refletiram sobre o mundo.
 
Os textos bíblicos apresentam muito ensino com o uso de expressões que referenciam ou retratam os conceitos cosmológicos do povo e de seus vizinhos. Espera-se que este tratamento possa ajudar a compreender melhor as implicações dos termos usados na Bíblia.
 
Autor: Pastor José Mathias Acácio
Formado em Bacharel em Teologia
 
Pr. Valdi G. Souza
 
 
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