07 O estado intermediario dos mortos - Joep - Jesus o Equilíbrio Perfeito

Joep
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Deus é fiel e justo para com aqueles que o buscam!
O Estado intermediário dos mortos
 
1. Para onde as pessoas vão ao morrerem?
 
Esta é uma pergunta intrigante que todos fazem em algum momento da vida. A Bíblia nos fala do juízo final, quando todos serão encaminhados para seus lugares eternos: o céu ou o lago de fogo. E antes desse julgamento? Onde estão, e estarão os mortos?
 
Haverá um tipo de "sala de espera" do Tribunal de Cristo? Em busca de resposta a essas questões empreenderemos este estudo acerca do Estado Intermediário dos Mortos.
 
2. A Vida Psíquica após a Morte Física
 
O aspecto central no ensino neotestamentário acerca do futuro do homem é a volta de Jesus Cristo e os eventos que acompanharão essa volta: a ressurreição, o juízo final e a criação da nova Terra.
 
Mas antes de avançarmos para considerar esses assuntos, temos de dar alguma atenção ao que normalmente é denominado de "o estado intermediário" – isto é, o estado do morto entre a morte e a ressurreição.
 
Desde o tempo de Agostinho, os teólogos cristãos pensavam que, entre a morte e a ressurreição, as almas dos homens desfrutavam do descanso ou sofriam enquanto esperavam ou pela complementação de sua salvação, ou pela consumação de sua condenação.
 
Na Idade Média, esta posição continuou a ser ensinada, e foi desenvolvida a doutrina do Purgatório. Os Reformadores rejeitaram a doutrina do Purgatório, mas continuaram a defender um estado intermediário, embora Calvino, mais do que Lutero, tendia mais a considerar esse estado como de uma existência consciente.
 
Em sua obra Psychopannychia, uma resposta aos Anabatistas de seu tempo, que ensinavam que as almas simplesmente dormiam entre a morte e a ressurreição, Calvino ensinou que, para os crentes, o estado intermediário é tanto de benção como de expectação - por causa disso a benção é provisória e incompleta.
 
Desde aquele tempo, a doutrina do estado intermediário tem sido ensinada pelos teólogos da Reforma, e se reflete nas Confissões da Reforma.
 
Entretanto, a doutrina do estado intermediário tem sido recentemente sujeita a uma crítica severa. G.C.Berkouwer retrata o ponto de vista de alguns destes críticos em seu recente livro sobre escatologia. G.Van Der Leeuw (1890-1950), por exemplo, sustenta que após a morte somente existe uma perspectiva escatológica para os crentes: a ressurreição do corpo.
 
Ele rejeita a ideia de que exista "algo" do homem que continue após a morte e sobre o que Deus construiria uma nova criatura. De acordo com as Escrituras, assim insiste ele, o homem morre totalmente, com corpo e alma; quando o homem, mesmo assim, recebe uma nova vida na ressurreição, isto é um feito maravilhoso de Deus, e não algo que jorre naturalmente da existência atual do homem.
 
Por causa disso, falar de "continuidade" entre nossa vida atual e a vida da ressurreição leva ao engano. Deus não cria nosso corpo ressurreto a partir de alguma coisa - por exemplo, nosso espírito, ou nossa personalidade - mas ele cria uma nova vida do nada, de nossa vida aniquilada e destruída.
 
Outro crítico moderno da doutrina do estado intermediário é Paul Althaus, um teólogo luterano (1888-1966). Esta doutrina, sustenta ele, deve ser rejeitada uma vez que pressupõe a existência continuada e independente de uma alma incorpórea, e por este motivo é mesclada com Platonismo. Althaus apresenta várias objeções à doutrina do estado intermediário.
 
Esta doutrina não faz jus à seriedade da morte, uma vez que a alma parece passar incólume através da morte. Por sustentar que, sem o corpo o homem pode ser totalmente abençoado e completamente feliz, esta doutrina nega a importância do corpo.
 
A doutrina tira o significado da ressurreição; quanto mais aumentarmos as bênçãos do indivíduo após a morte, mais diminuiremos a importância do último dia. Se, de acordo com esta doutrina, os crentes após a morte já estão abençoados e o ímpio já está no inferno, por que ainda é necessário o dia do juízo?
 
A doutrina do estado intermediário é completamente individualista; ela envolve mais um tipo privado de bênção do que comunhão com os outros, e ignora a redenção do cosmos, a vinda do Reino e a perfeição da igreja.
 
Em suma, conclui Althaus, esta doutrina separa o que deve estar junto: corpo e alma, o individual e o comunitário, felicidade e a glória final, o destino de indivíduos e o destino do mundo.
  
Em resposta a estas objeções, deve ser admitido que a Bíblia fala muito pouco acerca do estado intermediário e que aquilo que ela diz acerca dele é contingente à sua mensagem escatológica principal sobre o futuro do homem, que diz respeito à ressurreição do corpo.
 
Temos de concordar com Berkouwer que aquilo que o Novo Testamento nos fala acerca do estado intermediário não passa de um sussurro. Temos também de concordar que em lugar nenhum o Novo Testamento nos fornece uma descrição antropológica ou exposição teórica do estado intermediário.
 
Entretanto, permanece o fato de que há evidência suficiente para nos capacitar a afirmar que, na morte, o homem não é aniquilado e o crente não é separado de Cristo. Veremos mais adiante qual é esta evidência.
 
Nesse ponto, devemos fazer uma observação sobre a terminologia. Geralmente, é dito por cristão que a "Alma" do homem continua a existir após o corpo ter morrido. Este tipo de linguagem 'frequentemente criticado como revelando um modo grego ou platônico de pensar. Será que isso é necessariamente assim?
 
Deve ser admitido que certamente é possível falar da "alma" de modo platônico. É bom lembrarmos que existem divergências entre essa visão e a concepção cristã do homem.
 
Mas, o fato de que os gregos usaram o termo alma de modo não bíblico não implica, necessariamente, que todo uso da palavra alma, para indicar a existência continuada do homem após a morte, seja errado.
 
O próprio Novo Testamento utiliza ocasionalmente deste modo a palavra grega para a alma, psyche. Arndt e Gingrich, em seu Greek-English Lexicon of the New Testament, sugerem que psyche, no Novo Testamento, pode significar vida, alma como o centro da vida interior do homem, alma como o centro da vida que transcende a terra, aquela que possui vida, a criatura vivente, alma como aquela que deixa o reino da terra e da morte e continua a viver no Hades.
 
Existem, pelo menos, três exemplos claros do Novo Testamento onde a palavra psyche é usada para designar aquele aspecto do homem que continua a existir após a morte.
 
O primeiro deles encontra-se em: (Mateus 10:28)
 
E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; (psychas) temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. (Mateus 10:28)
 
O que Jesus Cristo diz é o seguinte: Existe algo seu que aqueles que o matam não podem tocar. Este algo tem de ser um aspecto do homem que continua a existir após a morte do corpo. Dois exemplos mais deste uso da palavra são encontrados no livro do Apocalipse:
 
E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas (psychas) dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. (Apocalipse 6:9)
 
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas (psychas) daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apocalipse 20:4)
 
Em nenhuma destas duas passagens a palavra almas pode se referir a pessoas que ainda estejam vivendo na terra. A referência é claramente a mártires assassinados: a palavra almas é usada para descrever aquele aspecto desses mártires que ainda existe após seus corpos terem sido cruelmente abatidos.
 
Concluímos, portanto, que não é ilegítimo nem antibíblico usar a palavra alma para descrever o aspecto do homem que continua a existir após a morte.
 
Devemos acrescentar que, às vezes, o Novo Testamento usa a palavra espírito (PNEUMA) para descrever este aspecto do homem: por exemplo, em: (Lucas 23:46), (Atos 7:59) e (Hebreus 12:23)
 
E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. (Lucas 23:46)
 
E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. (Atos 7:59)
 
À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; (Hebreus 12:23)
 
As escrituras ensinam claramente que o homem é uma unidade (parte material e parte imaterial) e, que "corpo e alma" (Mateus 10.28)
 
E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. (Mateus 10:28)
 
Ou "corpo e espírito" (I Coríntios 7:34) (Tiago 2:26) são inseparáveis.
 
Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido. (I Coríntios 7:34)
 
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tiago 2:26)
 
O homem só é completo nesta espécie de unidade psicossomática. Porém, a morte faz surgir uma separação temporária entre a parte material e a parte imaterial.
 
Uma vez que o Novo Testamento, ocasionalmente, realmente fala das "almas " ou dos "espíritos" dos homens como ainda existindo durante o tempo entre a morte e a ressurreição, nós também podemos fazê-lo, desde que lembremos que este estado de existência é provisório, temporário e incompleto.
 
Uma vez que o homem não é totalmente homem sem o corpo, a esperança escatológica central das escrituras, em relação ao homem, não é a simples existência continuada da "alma" (conforme o pensamento grego) mas é a ressurreição do corpo.
 
Passaremos agora a investigar o que a Bíblia ensina acerca da condição do homem entre a morte e a ressurreição.
 
Comecemos pelo Velho Testamento. De acordo com o Velho Testamento, a existência humana não finda com a morte; após a morte, o homem continua a existir no reino dos mortos, geralmente denominado Sheol (palavra hebraica que significa região dos mortos).
 
George Eldon Ladd sugere que o "Sheol é a maneira vétero-testamentária de afirmar que a morte não acaba com a existência humana."
 
Na versão King James a palavra hebraica Sheol é traduzida diversamente como sepultura (31 vezes), inferno (31 vezes) ou cova (31 vezes).
 
Porém, tanto na Versão American Standard como na Versão Revised Standard, Sheol não foi traduzida.
 
Ao passo que admite que a palavra nem sempre significa a mesma coisa, Louis Berkhof sugere um sentido tríplice para Sheol: o estado de morte, sepultura ou inferno.
 
É bem confirmado que Sheol possa significar tanto o estado de morte como a sepultura; mas é duvidoso que possa significar inferno.
 
Geralmente, Sheol significa reino dos mortos que deve ser entendido figuradamente ou como designando o estado de morte. Frequentemente, Sheol é simplesmente usado para indicar o ato de morrer: "Chorando, descerei a meu filho até à sepultura (Sheol)" (Gênesis 37:35)
 
E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura (Sheol). Assim o chorou seu pai. (Gênesis 37:35)
 
As diversas figuras aplicadas ao Sheol podem todas ser entendidas como se referindo ao reino dos mortos: é dito do Sheol que ele tem portas. (Jó 17:16)
 
As barras (portas) da sepultura descerão quando juntamente no pó teremos descanso. (Jó 17:16)
 
Que é um lugar escuro e triste. (Jó 17:13)
 
Se eu esperar, a sepultura será a minha casa; nas trevas estenderei a minha cama. (Jó 17:13)
 
E que é um mostro com apetite insaciável. (Provérbios 30:15-16 - 27:20) (Isaias 5:14) (Habacuque 2:5).
 
15 A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta!
 
16 A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!
 
Como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem. (Provérbios 27:20)
 
Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram. (Isaías 5:14)
 
Quando considerarmos o Sheol deste modo, temos de lembrar que tanto o piedoso como o ímpio descem ao Sheol na morte, uma vez que ambos entram no reino dos mortos.
 
Às vezes, Sheol pode ser traduzido como sepulcro. Exemplo claro está no: 9Salmo 141:7)
 
Os nossos ossos são espalhados à boca da sepultura como se alguém fendera e partira lenha na terra. (Salmos 141:7)
 
Entretanto, este não parece ser um significado comum do termo, e especialmente não o é porque existe um termo hebraico para sepultura, GEBHER. Muitas passagens nas quais Sheol poderia ser traduzido por sepultura, têm também o sentido claro se traduzirmos Sheol por reino dos mortos.
 
Tanto Louis Berkhof, como William Shedd, sugerem que, às vezes, Sheol pode significar inferno ou lugar de punição para os ímpios. Mas as passagens citadas para sustentar esta interpretação não são convincentes.
 
Um dos textos assim citados é o do: (Salmo 9:15)
 
Os gentios enterraram-se na cova que fizeram; na rede que ocultaram ficou preso o seu pé. (Salmos 9:15)
 
Mas não há indicação no texto de que uma punição está envolvida. Fica difícil crer que o Salmista esteja predizendo aqui a punição eterna de cada membro individual destas nações iníquas.
 
A passagem, porém, tem sentido bem claro se entendermos Sheol no significado comum, referindo-se ao reino da morte. O salmista estará então dizendo que as nações ímpias, embora agora se orgulhem de seu poder, serão extirpadas pela morte.
 
Outra passagem apresentada por Berkhof é a do: (Salmo 55.15)
 
A morte os assalte, e vivos desçam ao inferno; porque há maldade nas suas habitações e no meio deles. (Salmos 55:15)
 
À luz do princípio do paralelismo que, geralmente, caracteriza a poesia hebraica, pareceria que a segunda linha está apenas repetindo o pensamento da primeira linha: a morte (ou desolação, na leitura marginal) virá sobre estes meus inimigos.
  
Descer vivo ao Sheol, então significaria morte súbita, mas não implicaria, necessariamente, punição eterna.
 
Outro texto ainda citado por Berkhof, relacionado com isto, é o de: (Provérbios 15:24)
 
Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno em baixo. (Salmos 15:24)
 
Mas aqui novamente se encontra o contraste óbvio entre vida e morte, a última representada pela palavra Sheol.
 
Não foi definitivamente comprovado, portanto, que Sheol possa designar o lugar de punição eterna.
 
Mas é verdade que já no Antigo Testamento começa a aparecer a convicção de que o destino do ímpio e o destino do piedoso, após a morte, não são o mesmo. Esta convicção é expressa primeiramente na crença de que, embora o ímpio permanecerá sob o poder do Sheol, o piedoso finalmente será liberto desse poder.
 
3. A Doutrina do Sono da Alma
 
Esta é uma das formas em que a existência consciente da alma depois da morte é negada.
 
Ela afirma que depois da morte, a alma continua a existir como um ser espiritual individual, mas num estado de repouso inconsciente.
 
Eusébio faz menção de uma pequena seita da Arábia que tinha esse conceito. Durante a idade Média havia bem poucos dos chamados psicopaniquianos, e na época da Reforma esse erro era defendido por alguns dos anabatistas.
 
Calvino chegou a escrever um tratado contra eles intitulado Psychopannychia. No século dezenove esta doutrina era propugnada por alguns dos irvingitas da Inglaterra, e nos nossos dias é uma das doutrinas favoritas dos russelitas ou dos sectários da aurora do milênio nos Estados Unidos.
 
Segundo estes últimos, o corpo e a alma descem à sepultura, a alma num estado de sono que de fato equivale a um estado de não existência. O que é chamado ressurreição, na realidade é uma nova criação.
 
Durante o milênio os ímpios terão uma segunda oportunidade, mas, se eles não mostrarem um assinalado melhoramento durante os cem primeiros anos, serão aniquilados. Se nesse período evidenciarem alguma correção de vida, continuarão em prova, mas somente para acabar na aniquilação se permanecerem impenitentes.
 
Não existe inferno, não existe nenhum lugar de tormento eterno. A doutrina do sono da alma exerce peculiar fascínio sobre os que acham difícil acreditar na continuidade da vida consciente fora do corpo.
  
4. Estado dos Justos entre a Morte e a Ressurreição
 
A posição das igrejas reformadas é de que as almas dos crentes, imediatamente após a morte, ingressam nas glórias dos céus. Este conceito encontra ampla justificação nas escrituras, e é bom tomar nota disto, visto que durante o último século alguns teólogos reformados calvinistas assumiram a posição de que os crentes, ao morrerem, entram num lugar intermediário e ali permanecem até o dia da ressurreição.
 
Todavia, a Bíblia ensina que a alma do crente, quando separada do corpo, entra na presença de Jesus Cristo. Diz Paulo: (II Coríntios 5:8)
 
Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor. (II Coríntios 5:8)
  
5. A Condição do Ímpio após a Morte
 
As passagens que falam da condição do injusto depois da morte não são tão numerosas quanto as que encontramos a respeito da condição do justo.
 
Porém as que temos são suficientemente claras para que não nos reste dúvida alguma sobre o assunto, no Evangelho de Lucas lemos: (Lucas 16.22-23 e 26)".
 
22 E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.
 
23 E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
 
26 E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
 
São do apóstolo Pedro as palavras que seguem: (II Pedro 2.9)
  
Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados; (II Pedro 2.9)
 
Além dessas passagens que acabamos de citar, temos as que já consideramos em relação à condição do justo. Estas passagens, de uma maneira negativa, apoiam as outras. Destas considerações tiramos as seguintes conclusões:
 
Que os ímpios no estado intermediário estão em pleno exercício de suas faculdades.
 
Que já estão sofrendo as dores da separação de Deus, já comparadas com as dores do inferno, porque o ímpio, quando fecha os olhos neste mundo, os abre no inferno.
  
6. Doutrina Católica Romana. O Purgatório
 
De acordo com a igreja de Roma, as almas dos que são perfeitamente puras por ocasião da morte são imediatamente admitidos no céu ou na visão beatífica de Deus; mas os que não se acham perfeitamente purificados, que ainda levam sobre si a culpa de pecados veniais e não sofreram o castigo temporal devido aos seus pecados.
 
Esta é a condição da maioria dos fiéis quando morrem - têm que se submeter a um processo de purificação, antes de poderem entrar nas supremas alegrias e bem-aventuranças do céu.
 
Em vez de entrarem imediatamente no céu, entram no purgatório.
 
O purgatório não seria um lugar de prova, mas de purificação e de preparação para as almas dos crentes que têm a segurança de uma entrada final no céu, mas ainda não estão prontas para apossar-se da felicidade da visão beatífica.
 
Durante a estada dessas almas no purgatório, elas sofrem a dor da perda, isto é, a angústia resultante do fato de que estão excluídas da bendita visão de Deus, e também padecem "castigo dos sentidos", isto é, sofrem dores que afligem a alma.
 
7. O Limbus Patrum
 
A palavra latina limbus (orla, borda) era empregada na Idade Média para denotar dois lugares na orla ou na borda do inferno, a saber, o limbus patrum (dos pais) e o limbus infantum (das crianças).
 
Aquele era o lugar onde, segundo os ensinos de Roma, as almas dos santos do Velho Testamento ficaram detidas, num estado de expectativa, até à ressurreição do Senhor dentre os mortos.
 
Supõe-se que, após sua morte na cruz, Jesus Cristo desceu ao lugar de habitação dos pais para livrá-los do seu confinamento temporário e levá-los em triunfo para o céu.
 
Esta é a interpretação católica romana da descida de Jesus Cristo ao Hades. O Hades é considerado como o lugar de habitação dos espíritos dos mortos, tendo duas divisões, uma para os justos e a outra para os ímpios.
 
8. O Limbus Infantum
 
Este seria o lugar de habitação das almas de todas as crianças não batizadas, independentemente de sua descendência de pais pagãos, quer de cristãos.
 
De acordo com a igreja Católica Romana, as crianças não batizadas não podem ser admitidas no céu, não podem entrar no Reino de Deus. (João 3:5)
 
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. (João 3:5)
 
Sempre houve natural repugnância, porém, pela idéia de que essas crianças devem ser torturadas no inferno, e os teólogos católicos romanos procuraram um meio de escapar da dificuldade.
 
Alguns achavam que tais crianças talvez sejam salvas pela fé dos pais, e outros, que Deus pode comissionar os anjos para batizá-las. Mas a opinião predominante é que, embora excluídas do céu, é-lhes destinado um lugar situado nas bordas do inferno, aonde não chegam as chamas terríveis.
  
9. O Conceito Bíblico correto sobre o Destino do Homem:
 
Dentre os diversos livros que mencionam a história da humanidade, Antropologia, etc... A bíblia é a única que contem a origem do homem, de onde ele veio, como foi criado, o objetivo pelo qual foi criado, e ainda diz para onde ele vai, a Bíblia é chamada de o livro completo, pois contém o passado, presente e futuro do homem.
 
Na sociedade em geral existem pensamentos variados sobre esta questão, as diversas religiões, os diversos níveis de conhecimento bíblico, as diversas classes sociais, a cultura diferenciada de cada região, fazem com que existam linhas de pensamentos dos mais variáveis possível, e assim daremos alguns dentre eles.
 
a) O Destino do Corpo Físico
 
Nesta questão não há muito a discutir ou a ensinar, o corpo humano, a carne, no momento da morte do homem, o corpo começa a se decompor, e sem vida a parte física conhece o sentido literal da palavra morte, de acordo com: (Eclesiastes 12.7)
 
E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. (Eclesiastes 12.7)
 
O costume de enterrar o corpo após a morte do homem é um costume muito antigo, já aconteceu com os primeiros habitantes deste mundo, Abraão, Sara, Jacó, Raquel, etc...,
 
Todos foram sepultados e este costume se estende até os nossos dias.
 
Estrangeiro e peregrino sou entre vós; dai-me possessão de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta de diante da minha face. (Gênesis 23:4)
 
E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje. (Gênesis 35:20)
 
Gênesis 49:30-31
 
30 Na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou com aquele campo de Efrom, o heteu, por herança de sepultura.
 
31 Ali sepultaram a Abraão e a Sara sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca su mulher; e ali eu sepultei a Lia.
 
Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, te peço, que eu suba, para que sepulte a meu pai; então voltarei. (Gênesis 50:5)
  
Ao contrário do que pensam muitas pessoas, não é o corpo que poderá ser lançado no inferno, ou mesmo ser salvo, pois o corpo não tem poder de decisão, e assim não se pode julgá-lo, condená-lo.
 
É a alma que comanda o corpo, e não o corpo que comanda a alma, a condenação do corpo é a morte física do homem, mas isto já é o suficiente, esta morte física é uma punição pelo pecado que Adão e Eva cometeram, e não a punição da alma do indivíduo.
 
b) A Imortalidade da Alma
 
A alma possui natureza espiritual, é muito conhecido como a consciência do homem, e por isso entendemos que a alma é eterna, não existe extinção da alma, o pensamento mais popular que diz “Morreu, acabou”.
 
Essa expressão, não é a expressão da verdade, pois não se pode matar a alma, a alma pode se separar do corpo no momento da morte física, mais matar a alma, isto é impossível.
 
Em Apocalipse 20:4 falas sobre a alma daqueles que foram degolados por amor a Cristo, o corpo foi degolado, mas a alma ainda vive.
 
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apocalipse 20:4)
 
A alma está intrinsecamente ligada ao espírito e ambos são a parte imaterial do homem, onde está a parte intelectual do homem, é na parte imaterial que o homem possui os poderes de decisão dentro do corpo, que obedece ou não a Deus, que decide consagrar se a Deus, ou menosprezar os conselhos divinos, e por esta razão a parte imaterial receberá julgamento pelos atos e decisões que tomou enquanto ainda vivia o corpo.
 
Na Bíblia encontramos o exemplo da Parábola do Rico e Lazaro. Lucas 16.19-31, ambos viviam no mesmo mundo, e na mesma época, eram separados pela classe social em que viviam, e pela fé que possuíam, e quando morreram, ambos continuaram separados, o corpo se desfez, mas a alma continuou a viver fora do corpo, não neste mundo, mas num mundo espiritual, notemos agora alguns pontos nesta passagem bíblica:
 
1. Após a morte do corpo a alma continua a viver
 
Após a morte do Rico e de Lazaro, ambos ainda podiam pensar, apreciar, viver bem ou mal, Lazaro de acordo com os ensinamentos bíblicos, tanto Lazaro como rico, estavam bem conscientes, tinham lembranças de suas vidas antes da morte, sabiam onde estavam, o rico demonstrou conhecer a Abraão e também a Lazaro, e também demonstrou arrependimento.
  
2.  A Alma não pode voltar ao Corpo
 
Esta história mostra que a alma é imortal, mesmo havendo a morte do corpo, o homem continua a possuir o poder de pensar, enxergar, conversar, falar, arrepender, porém mesmo havendo arrependimento a alma não tem o poder de voltar a viver no corpo.
 
Mesmo que seja em um outro corpo qualquer, isto não lhe é possível, o Rico pediu a Abraão que lhe permitisse voltar a vida, que ressuscitasse, afim de que pudesse avisar seus irmãos para não cometerem o mesmo erro que ele, porém isto não é possível a alma.
 
3. O Destino da Alma
 
Enquanto Lázaro estava no seio de Abraão, o paraíso de Deus, que também Jesus prometeu ao ladrão na cruz. (Lucas 23.43)
 
E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas 23.43)
 
O Rico que neste mundo teve uma vida em desobediência estava no Tártaro (significa lugar de tormento), um lugar de tormento, de angustia, e de muita dor, lá a sede é imensa, e as lembranças dos erros desta vida são constantes, os desejos de voltar ao passado estão ao todo momento, porém isto não é possível.
 
Existem dois destinos para a alma, um para os salvos em Cristo, e outro para aqueles que rejeitaram o amor de Cristo.
 
1. O Destino das Almas que aceitaram o Amor de Cristo
 
O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física, ele tem a escolha de aceitar ou não o amor de Jesus Cristo, se ele o aceita, estará aceitando ir morar com Jesus Cristo, estar ao lado de Jesus Cristo. (João 17.24)
 
Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. (João 17:24)
 
Assim a alma daqueles que aceitam a Cristo estarão na luz para sempre, no momento da morte física, no mesmo instante vão para o paraíso, um lugar de gozo espiritual, um lugar de alegria.
 
Os anjos de Deus os conduzirão os justos depois da morte até o Paraíso. (Lucas 16.22)
 
E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. (Lucas 16:22)
 
O Paraíso é a parte da região dos mortos estabelecida para os salvos, um lugar de espera até o arrebatamento da Igreja, pois neste dia Jesus Cristo virá até as nuvens e todos os mortos que morreram em Cristo, ressurgirão num corpo incorruptível, um corpo glorioso. (Filipenses 3.21) (I Coríntios 15:51-52)
 
Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. (Filipenses 3:21)
 
I Coríntios 15:51-52
 
51 Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;
 
52 Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
 
E daí para frente estarão para sempre junto do Senhor, seja no reinado de Cristo na eternidade futura a nova Jerusalém (Apocalipse 21).
  
2. O Destino das Almas daqueles que não aceitaram o Amor de Cristo
 
Aqueles que rejeitam o amor de Cristo, rejeitam a vida, a luz, a salvação da alma, Jesus Cristo é a luz do mundo, é a única opção de vida para a alma, e se alguém o rejeita, esta rejeitando a vida eterna. (João 5:27-29 e 6:47)
 
27 E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem.
 
28 Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.
 
29 E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.
 
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. (João 6:47)
 
E para aqueles que rejeitam a vida que Cristo lhes oferece, estará perdido para sempre, e no momento da morte daquele que rejeitou a Jesus Cristo, estará no Hades, o mesmo lugar onde estava o Rico e entre o Paraíso e o Hades existe um grande abismo, impedindo que alguém que esteja no abismo possa ir ao Paraíso. (Lucas 16:26)
 
E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. (Lucas 16:23)
 
A alma dos que rejeitaram a Jesus Cristo estão e estarão no Tártaro (lugar de tormento) que é uma parte do Hades (hades significa região dos mortos) até o momento do grande julgamento, o julgamento do Trono Branco. (Apocalipse 20.11-15)
 
O juízo final
 
11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
 
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
 
13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
 
14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
 
15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.
 
Nesta ocasião, todos os que estiverem no Hades, serão julgados por seus atos enquanto viveram neste mundo, um livro contendo todas as suas obras, tudo que fizeram de bem e de mal, estará escrito neste livro os pecados, a desobediência, a rejeição do amor de Cristo, enfim tudo o que fizeram, e assim serão julgados.
 
E todo aquele que não for achado no livro da vida do Cordeiro, será lançado no Lago de Fogo.
 
Convém lembrar que ninguém pode ser salvo pelas obras e sim pela graça de Jesus Cristo. (Romanos 11:6)
 
Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra. (Romanos 11:6)
 
Entendemos pelas Escrituras que a alma permanece viva e consciente após a morte do corpo.
 
Nesse estado, a alma do justo já se encontra na presença do Senhor, em um lugar que normalmente denomina-se "paraíso".
 
O ímpio, por sua vez, já se encontra em tormentos no inferno (Hades).
 
Tais lugares são de permanência temporária, até que venha o Juízo Final.
 
Após o juízo, os justos serão introduzidos no céu e os ímpios serão lançados no lago de fogo.
 
Autor: Pastor José Mathias Acácio
Formado em Bacharel em Teologia

Pr. Valdi G. Souza
JOEP
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