08 O Dispensacionalismo - Joep - Jesus o Equilíbrio Perfeito

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Deus é fiel e justo para com aqueles que o buscam!
O Dispensacionalismo

O movimento chamado de dispensacionalismo surgiu em meados do século passado na Inglaterra, através do grupo que levou o nome de Irmãos ou Irmãos de Plymouth, por ter nesta cidade seu quartel general.
 
Seu principal expoente foi John Nelson Darby (1800-1882), um irlandês que, insatisfeito com a Igreja Anglicana, da qual era ministro (cura), juntou-se ao grupo dos Irmãos em 1827.
 
Por volta de 1830 Darby já era o principal líder dos Irmãos, dada a sua capacidade de organização e a sua proficiência (capacidade) em escrever.
 
A característica principal desse grupo foi a ênfase que deu às reuniões semanais de estudo bíblico e celebração da Ceia do Senhor, associada a um desprezo por qualquer tipo de organização denominacional ou forma de culto.
 
Os Irmãos rejeitavam qualquer sistema clerical ou de classe ministerial, insistindo que estavam regressando à forma simples de culto e governo eclesiástico dos apóstolos.
           
Embora não fosse o tema principal no começo, não tardou para que a doutrina da volta de Jesus Cristo ocupasse o centro dos estudos e, com ela, surgisse com grande ímpeto o desenvolvimento de um novo modelo de interpretação bíblica.
 
Darby e seus seguidores passaram a alardear que haviam “redescoberto verdades” que foram desconhecidas ao longo de toda a história, desde os dias apostólicos, as quais teriam ficado à margem do ensino tradicional do Cristianismo histórico.
 
Fazia parte desse novo modelo aquilo que passou a ser chamado até hoje, nos círculos dispensacionalistas, de “interpretação literal das profecias” e de que devemos também nos ocupar neste trabalho.
  
Esse novo modo de interpretação bíblica, especialmente de profecias, ganhou popularidade rapidamente nos círculos evangélicos, graças ao grande trabalho de divulgação que dele foi feito pelo próprio Darby e por seus seguidores, e graças, principalmente, ao grande volume de livros, panfletos e artigos sobre o assunto que foram, desde então, escritos e ainda continuam sendo.
  
Grandes movimentos, como o das Conferências Evangelísticas de Dwight L. Moody, eram virtualmente controlados por dispensacionalistas. A escola fundada por Moody, que passou a chamar-se Instituto Bíblico Moody, assim como diversas outras escolas teológicas, como o atual Seminário Teológico de Dallas, passaram a ser verdadeiros centros de doutrinação dispensacionalista, nos Estados Unidos.
 
O mesmo se dá hoje no Brasil, especialmente com os institutos bíblicos chamados de interdenominacionais, de modo geral.
 
Outro fator que muito contribuiu para a difusão do pensamento dispensacionalista foi a publicação da chamada Bíblia de Referência de Scofield, em 1909, a qual já vendeu mais de dois milhões de cópias desde então.
  
A Bíblia de Scofield ou, mais corretamente, a Bíblia de Referência de Scofield é, na verdade, uma edição da Versão King James, com anotações feitas por Scofield, na linha de interpretação dispensacionalista. William E. Cox afirma que “o pai do dispensacionalismo, Darby, assim como seus ensinos, provavelmente não seriam conhecidos hoje, não fosse por seu devoto seguidor, Scofield”.
 
Esta declaração, baseada em pesquisa feita pelo autor citado, dá bem uma ideia da influência que Scofield exerceu, especialmente através de sua “Bíblia”, na propagação do dispensacionalismo.
 
Cyrus Ingerson Scofield (1843 - 1921) nasceu nos Estados Unidos e foi, até sua conversão em 1879, advogado e político. Três anos após sua conversão foi ordenado Ministro Congregacional, sem qualquer formação teológica, e foi assim, sem formação teológica, que escreveu sua Bíblia de Referência.
 
Os estudiosos e historiadores do Cristianismo são unânimes em afirmar que a Bíblia de Scofield trouxe benefícios de uma certa ordem, pois estimulou o interesse pelo estudo bíblico e o respeito pela autoridade da Palavra de Deus, numa época em que a Alta Crítica e a teologia liberal atacavam o Livro Sagrado.
 
Scofield era, de qualquer forma, um conservador, no sentido em que acreditava na inspiração e na Inerrância da Bíblia.
  
Portanto, Dispensacionalismo é um sistema teológico que apresenta duas distinções básicas:
 
1. Uma interpretação consistentemente literal das Escrituras, em particular da profecia bíblica.
 
2. A distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus. A Teologia Dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus: Israel e a Igreja. Os Dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre pela fé (Em Deus no Antigo Testamento; especificamente em Deus o Filho no Novo Testamento).
 
Os Dispensacionalistas afirmam que a Igreja não substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Antigo Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja.
 
Eles crêem que as promessas que Deus fez a Israel no Antigo Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20. Eles crêem que da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel.

Dispensação

Dispensação é um período de tempo durante o qual Deus prova os homens em referência à obediência a uma revelação da sua vontade.
 
Esta definição expressa a ideia de tempo, mas a palavra dispensação (oikonomia = OIKONOMIA) apresenta mais a ideia de mordomia, administração, economia, isto é, a responsabilidade humana diante do Deus Vivo (Efésios 1:10) (Colossenses 1:25) (Hebreus 11:3) (I Coríntios 4:1).
 
De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; (Efésios 1:10)
 
Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; (Colossenses 1:25)

Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. (Hebreus 11:3)
 
QUE os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. (I Coríntios 4:1)
 
Cada dispensação deve possuir três elementos essenciais:
 
1. Haverá uma revelação da vontade de Deus.  
  
2. Haverá o Corpo da Época.  
 
3. Haverá a conclusão da época.
 
1.   A Revelação da Vontade de Deus:
 
Se a prova estiver sobre todos os homens, então, a revelação será dada para todos. Porém, se estiver sobre somente uma parte da raça ou uma classe especial, então a revelação será dirigida somente para eles e não terá aplicação para os demais.
 
Nem sempre acharemos a revelação encerrada em poucas palavras ou mandamentos, mas sempre será clara para os mordomos sobre o que Deus requer deles. A revelação trará ao homem as seguintes responsabilidades:
 
a) Confiança em Deus e na sua palavra.  
 
b) Submissão completa à sua vontade.  
 
c)  Obediência e separação do pecado.
 
2.  O Corpo da Época:
 
Durante o desenrolar da época haverá evidências da corrupção do pecado e seu poder sobre os homens. O bem e o mal crescerão juntos, com o mal manifestando mais vigor que o bem.
 
À vista dos homens parecerá que as trevas realmente vão conquistar e triunfar sobre a luz.
 
3.  Conclusão da Época:
 
O completo fracasso do homem em cumprir com sua responsabilidade de obedecer a revelação da época, faz com que Deus derrame seu juízo, dando fim à dispensação. Então na conclusão da mordomia, haverá:
 
a) A manifestação da ira de Deus contra o mal e o devido castigo;
 
b) A manifestação do poder de Deus para preservar o bem e salvar os seus;
 
c)  A manifestação da graça de Deus derrotando os desígnios de Satanás.
 
Contra a graça de Deus as trevas nunca triunfam. Haverá uma vindicação (Castigo) da santidade de Deus e uma demonstração de que contra a Luz as trevas não prevalecem. (João 1:5) (Romanos 9:22-23).
 
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. (João 1:5)
 
Romanos 9:22-23
  
22 E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição;
  
23 Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou,
  
A Natureza dos Mordomos:
 
O estudo da dispensação é útil para se fazer uma sadia interpretação da Bíblia, isto porque a doutrina dispensacionalista oferece alguns princípios básicos para uma boa hermenêutica:
 
1. A Bíblia é literal e tipológica.  
 
2. Há três categorias de mordomos.
 
1. A Bíblia é Literal:
 
Ao interpretarmos o texto bíblico literalmente, estaremos longe do perigo de praticar uma exegese fantasiosa e fraudulenta. Deus disse exatamente aquilo que queria dizer. Isso não exclui o uso de tipologia.

2. Há Três Categorias de Mordomos:

A Bíblia é clara em distinguir três diferentes classes de mordomos:
 
a) Os Gentios.  
 
b) Israel.
 
c)  A Igreja.
 
Agostinho disse: Distinga as épocas e as Escrituras se harmonizam. A própria Bíblia nos adverte a fazermos esta divisão na Palavra de Deus, para não confundirmos as responsabilidades de cada classe de mordomo: (II Timóteo 2:15).

Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (II Timóteo 2:15).
 
A palavra grega traduzida como manejar é (orqotomew = ORTHOTOMEO) que traz a ideia de "cortar uma linha reta... ou um pedreiro cortando uma pedra para colocá-la em seu lugar próprio." A ideia, portanto, é que a Palavra de Deus deve ser cortada em suas partes distintas, dividida corretamente.
 
Isto evitará uma interpretação incorreta e espiritual.
 
O que é para os Gentios não pode ser usado para a Igreja ou para Israel.
 
O que é para Israel não pode ser interpretado como sendo para os Gentios ou Igreja.
 
E o que é para a Igreja não pode ser utilizado como sendo para os Gentios ou para Israel.
 
Isto não significa que as partes de um grupo não contenham valiosas lições para os mordomos dos outros dois grupos, pois esse fato é afirmado pela Escritura. (Romanos 15:4)
 
Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança. (Romanos 15:4)
 
Porém é preciso fazer diferença entre interpretação, diga-se, histórico-gramatical, e aplicação, moral e prática de uma passagem bíblica.
 
Autor: Pastor José Mathias Acácio
Formado em Bacharel em Teologia
 
Pr. Valdi G. Souza
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